quinta-feira, 15 de março de 2012

Preferi guardar meu sorriso
Embaixo do meu tapa-olho
Já não via o que todos vêem
Agora menos, com esses dentes rangendo
Deveria ser banguela
A mostrar esse pontudo canino.






Eu
"Sentar e esperar a chuva passar nem sempre é uma má ideia."
Vazia e limpa
Bem que eu gostaria, sempre
Sem ninguém para sujar
Nenhum móvel de madeira,
Atrai cupins
Só um ar de erva-doce
Sem quadros nas paredes
Carpete no chão acumula poeira
Não quero tomadas
Igualmente televisão
Sem portas, só janelas
Daquelas altas e pequenas
Quem tentar entrar passará por dificuldades
Mas não irá se arrepender
Assim espero,
Lá é arejado
Foi uma difícil faxina
Por favor, use o tapete.
Minha mente.



Eu
Doce tão doce,
Dá dor de barriga
Quanta infantilidade!
Você não é mais um suspiro
Não se sinta tão atraente
Há os que preferem maria-mole
Neste seu momento salada
Tão sem graça,
E verde
Pense duas vezes ao se sentir saudável
Se pôr muito sal
Você murcha.





Eu
É normal
O estranho aparente
Causa espanto
Lá do meu fundo
E do fundo da fábrica
Onde porcelana é o mais barato
Feito por medida
Não para mim, para você
Para o pai de família
Sem créditos no celular
Mas com moral televisiva
Me causa espanto
Estranhamento,
Mas ainda é normal.




Eu
Somos desenhos da sociedade
Borrados, rascunhos
Sem cor
Só tinta preta, da mais barata
E quando a ponta do lápis se quebra
Nossos traços são descartados.






Eu
Neste estreito caminho de grades cilíndricas
Preso ao concreto cimento
Que separa o solado do meu tênis encardido
Do esgoto onde rãs vivem secretamente
Por medo das constantes sombras enquietas
Que andam freneticamente sem fim definido
Em frente às luzes que atraem tantos humanos,
E mais tantos insetos
Inseguras as rãs
Desejam saltar livremente
Sem medo dos vulgos olhares
Dos humanos e dos insetos
Anfíbicas e ocultas
Como o meu...

Eu