sexta-feira, 27 de abril de 2012

Esqueci seu nome
Desculpe-me Mr. Jhonson
A luz que te iluminou
Não foi suficiente
Foi complicado, não foi?
Conhecer-me até aqui
Borboletas em meu estômago,
O mundo em meu estômago
Como se eu fosse o oceano
Então te esperarei mais um pouco
Enquanto esta bala adoçar meus dentes.

Eu
Somos todos sorvetes
Leite, aromatizantes, coloridos
Com sabor incerto
Duvidosos
Aliviamos o calor alheio
Sustentamos um frio constante
Na casquinha, preferimos
Adorados por crianças e casais apaixonados
Beiramos a perfeição
Mas no sol, derretemos.







Eu
Deixei a chuva cair em minha mão
Do telhado, só as sobras
Experimentei o cochilo da tarde
O mais profundo, incansável
Ouvi pessoas rindo do meu andar
Os mais fracos e insignificantes
Vi uma folha cair da árvore
Madura, amarela, à noite
Esse é o resumo de minha semana
Lenta, corriqueira
Preguiçosa.






Eu
Se eu fosse o vento
Deixaria mais árvores descabeladas
Esfriaria mais tortas de maçã
Deixaria mais vezes seu braço arrepiado
Colocaria mais pó na mobilia velha
Ficaria mais forte para que olhem à minha procura
Muitos me odiarem,
Alguns me amariam
Afinal, eu seria o vento
Irregular, desdobrável
Invisível...quieto,
Às vezes eu sou o vento.





Eu
Sou um robô
Preso em minha confortável caixa cósmica
Sentindo saudades
Sempre,
Esperando o anoitecer
Algum dia
Perder minhas rolagens
Me ame...?
Dois mundos
Um só rosto
Duas bochechas
Macias e geladas
Na cena do assassino
Algum dia
Serei um belo rapaz
Então me ame...

Eu
Esqueci na mesa da cozinha
Um pão dourado recheado com manteiga,
Margarina
E dizem que o recheio não importa
Saí para a rua
Poucos preferem a casca
Em cada passo agitado
Não acredito, além de dó e pose
O miolo é mais macio
Seria então preguiça
De forçar essa bela mandíbula?
Comprei uma caixa de leite
Indago
Então não nego o complemento derretido
Aquele velho renovado tom
Voltei,
Enchi o copo.
O pão?
Eu comi.


Eu
Só mais cinco minutos
É automático
Extendidos em dias e anos
Natural de quase todo pensante
Renegável
Mas eu aceito,
E espero.










Eu


quinta-feira, 15 de março de 2012

Preferi guardar meu sorriso
Embaixo do meu tapa-olho
Já não via o que todos vêem
Agora menos, com esses dentes rangendo
Deveria ser banguela
A mostrar esse pontudo canino.






Eu
"Sentar e esperar a chuva passar nem sempre é uma má ideia."
Vazia e limpa
Bem que eu gostaria, sempre
Sem ninguém para sujar
Nenhum móvel de madeira,
Atrai cupins
Só um ar de erva-doce
Sem quadros nas paredes
Carpete no chão acumula poeira
Não quero tomadas
Igualmente televisão
Sem portas, só janelas
Daquelas altas e pequenas
Quem tentar entrar passará por dificuldades
Mas não irá se arrepender
Assim espero,
Lá é arejado
Foi uma difícil faxina
Por favor, use o tapete.
Minha mente.



Eu
Doce tão doce,
Dá dor de barriga
Quanta infantilidade!
Você não é mais um suspiro
Não se sinta tão atraente
Há os que preferem maria-mole
Neste seu momento salada
Tão sem graça,
E verde
Pense duas vezes ao se sentir saudável
Se pôr muito sal
Você murcha.





Eu
É normal
O estranho aparente
Causa espanto
Lá do meu fundo
E do fundo da fábrica
Onde porcelana é o mais barato
Feito por medida
Não para mim, para você
Para o pai de família
Sem créditos no celular
Mas com moral televisiva
Me causa espanto
Estranhamento,
Mas ainda é normal.




Eu
Somos desenhos da sociedade
Borrados, rascunhos
Sem cor
Só tinta preta, da mais barata
E quando a ponta do lápis se quebra
Nossos traços são descartados.






Eu
Neste estreito caminho de grades cilíndricas
Preso ao concreto cimento
Que separa o solado do meu tênis encardido
Do esgoto onde rãs vivem secretamente
Por medo das constantes sombras enquietas
Que andam freneticamente sem fim definido
Em frente às luzes que atraem tantos humanos,
E mais tantos insetos
Inseguras as rãs
Desejam saltar livremente
Sem medo dos vulgos olhares
Dos humanos e dos insetos
Anfíbicas e ocultas
Como o meu...

Eu

domingo, 19 de fevereiro de 2012

"O que mais se espera de um romance não é um beijo, e sim um respeitoso sorriso. "
Chocolate não tem gosto
Não se importam se é nada
Ou se é tudo, não reparam
O limite chega ao cheiro
Tão famoso como Jesus
Só cacau, leite e açúcar.





Eu
Creme batido gelado
De morango ou café
Pinica a bochecha
Adormece a língua
Estica meus lábios
Sorvete,
Quem dera mais gelado
Só esquenta
Mesmo no frio
Casquinha ou copinho
Tanto faz,
É só um pretexto
Para te ver.




Eu
Não posso usar óculos sem lente
Minha franja é aparada
Não posso
Andar com calças velhas
Espírito xadrez
Não me deixam abrir a boca
Falta de respeito
Não posso, consideração
Olhos abertos, fechados
Me confundem
Relógio no pulso, direito
Não deixam; posso?
Estou parando, adormecendo
Com licença, posso entrar?
Não, é o sistema.


Eu

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Se o lápis me guiasse
Pediria um bolo confeitado
Uma roupa bem bonita
Coragem, intenção
Uma bela bicicleta,
E menos egoísmo
Caso o lápis me guiasse
Tentaria não usar régua
Suas linhas me confundem
Sem as provas de reta perfeição
Isso, se o lápis me guiasse
Pediria por um eu modelado
Com erros apagados
E arte-final.

Eu
Água quente me conforta
Água fria só acalma
Leve o mundo pelo ralo
Deixe as dores na espuma
Só acordo na toalha
Que repita esse momento, mais de uma vez.





Eu
Ví uma fumaça saindo da janela
Não era, da janela
Era da panela.








Eu

Chá com saudade

Darlings, Olá!! Como estão?
Há quanto tempo, ne? Já estava na hora de rrabrir o Chá com Silêncio depois de tanto tempo de férias. Peço desculpas pela demora, estávamos em revisão de textos e mudança do layout. Agradeço a todos que estiveram tomando nosso chá semanalmente aqui e que estavam sentindo falta de nosso espaço. Arigatou!
Resolvi recomeçar com dois poemas "repentinos" de duas pessoas que admiro muito. A Vitória (ela já teve um poema dela postado aqui) e do Rotoni.
Então, sejam bem-vindos de volta, e sirvam-se!

o fluxo da vida continua
um carinho feito pela massa
explode a vida, bebe cachaça
e o mundo permanece ao seu redor.

"queimado pela Vitória"

O céu é azul.
- eu sei.

Rotoni Debinski